terça-feira, 28 de agosto de 2018

ESSE FRIO METAL




Melodia: Zeca do Trombone
Letra: Paulo Robson de Souza
Harmonização: Mestre Galvão



(Introdução: E  Gb6   Am9   B9#  E9   B7b9)


E9
Inerte e mudo, esse frio metal
   Gb6                      
Deitado em um case sepulcral,
          Am9   Am6
Para ter vida,
             B9# B7b9
Um sopro me clama.

E
Meu beijo quente no frio bocal
Gb6                          G6       Ab6
A inspiração (sopro divinal)
     Am9        Am6  
E a campana a vibrar
         B9#           B7b9
Lhe devolvem a vida, afinal.

        E9
E então
Gb6         Ab6
O milagre se fez
      C#m/E
Nunca mais
               Bm6/E      E9
Me separei do amigo.



(solo de trombone: A7 Am7  Abm7  Db7b9 
Gb6 Gbm7 F7#9)


E9
Desde então foi um carnaval
Gb6
Manaus, Campo Grande e Montreal
Am9                  Am6 
Em San Francisco, em Austin e Madrid,
      B9#            B7b9
No Cerrado e no Pantanal


E
Foi então
Gb6      G6   Ab6
Milagre:
       Am9     Am6
Desse som
                B9#    B7b9             
Não mais me separei.


E
Música
Gb6          G6  Ab6
Trombone
            Am6  B9#  B7b9
Sempre pra mim
             E       B7b9    E     E9     E 
Meu grande amor.


E9
Era uma vez esse frio metal...
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(CLIQUE NA IMAGEM PARA OUVIR)

https://www.youtube.com/watch?v=sNpp7cljeZs


sexta-feira, 24 de agosto de 2018

COMO O JABUTI VENCEU O VEADO NA CARREIRA


1.            COMO O J


Baseado em conto tradicional amazônico
e obra de Luis Câmara Cascudo. Martelo agalopado 
dedicado ao poeta repentista Patativa do Assaré (1909-2002).







Procurando um capim, seu de comer,
um veado encontrou um jabuti.
Perguntando ao quelônio em tupi,
descobriu que buscava o de beber.
Gozador e querendo esmorecer,
o veado falou: “não acredito
que consiga ir ao rio com esses cambitos
tão curtinhos, tão lentos e tão tortos...”
Jabuti respondeu: “eu não me importo
pois, num páreo, sou eu o favorito”.

O veado, com raiva desmedida,
orgulhoso de suas pernas longas,
disse: “vamos parar com essa delonga.
Amanhã apostemos uma corrida.”
Assumindo uma estratégia definida
o pequeno animal disse ao veado:
“Amanhã de manhã! Está marcado!
Combinemos um fácil desafio ―
Quem primeiro chegar ao grande rio,
grande atleta  será considerado.”

Em seguida, na mata, o jabuti
reuniu seus amigos ― aguerridos
jabutis ― todos muito parecidos.
Cal-ma-men-te  lhes disse: “resolvi
enganar o veado no porvir.
Se coloquem escondidinhos na beira
desta mata ao rio Grande, numa fileira.
Fiquem quietos, pra que ele não nos veja.
Amanhã, na largada da peleja
não darei nem um passo, uma carreira.”

Dominando a função de planejar,
Yuatí  lhes falou “será assim:
logo após Suaçu chamar por mim,
o da frente então lhe responderá
(quem ficou para trás se calará).
O veado ― que se diz invencível ―
pensará que sou rápido, intangível.
O ligeiro animal, de tão confuso
rodará mais que porca em parafuso
e, cansado, dirá: Como é possível?

Dito e feito. Valeu o planejado.
Na partida, Jabuti falou assim:
“Correrei bem distante do capim
pois à mata estou acostumado”.
O veado falou: “Tá combinado.
No capim o meu rumo é natural.”
Já na mata, o pequeno animal
avisou aos amigos do início
da corrida com este artifício:
balançando a folhagem de um pau.

E correndo, indo ao paranaguaçu,
o veado, ao gritar U’i Yuatí
(que em tupi quer dizer “Ó jabuti!”)
logo à frente escutava: U’i Suaçu
(Ó veado!) e, de novo, U’i Suaçu...
O veado, no fim fraco e perdido
atirou-se num tronco e foi vencido.
Os amigos, na mata, festejaram
a vitória que, juntos, planejaram
nesta história que ouvi em tempos idos.


Paulo Robson de Souza