Em vez de baú, relativo à guarda de objetos caros e finos, caçuá, que me traz lembranças da infância e da poesia popular cantada nas feiras de Santana e de Conquista, na Bahia. O caçuá é ambulante, roceiro, de conteúdo discernível pelas frestas do seu trançado – seus cipós formam paredes quase diáfanas, revelando objetos que contam histórias, incitam sensações, reavivam memórias... Baú é aristocracia sobre cavalo branco. Prefiro os caminhos desbravados pelo jegue.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
A BALSA
Escorpião sob nossas cabeças
numa noite fria sobre o rio Paraguai.
Uma mulher de cabelos longos e negros
contempla o horizonte.
A lua se fecha a oeste.
Na barranca do rio
– pressinto –
uma lontra perpassa a linha branca
que delimita o líquido horizonte.
Espumas que bocejam...
Rostos adormecidos...
Curiangos beijam com seus lábios úmidos
o áspero alimento.
Na minha boca adormece
a indizível palavra.
O sono.
O sonho.
A vida segue seu ciclo.
(junho 1997)
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Que lembrança linda!
ResponderExcluirO mágico rio Paraguai!
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