Cianas bactérias pastam
o nitrogênio inerte
nos poros ― frestas de solo.
* * *
Bom mesmo é ser quimio-
sintética bactéria
que tira leite de pedra ―
sempre.
* * *
No seio do folíolo da azola,
entre falenas,
dorme a anabena.
* * *
Raiz e fungo, micorrizando,
mutuamente se devoram e se
nutrem
― relação íntima.
* * *
Esporos são bactérias
dormindo em berço esplêndido
de cristal.
* * *
Cocos em cacho de uva.
Anomalia semântica ou acento
agudo disfarçado?
Mania estafilítica.
* * *
A solução está na raiz:
no feijão,
vagarosos rizóbios constroem
possibilidades.
Raiz redonda.
* * *
Quando a chuva acaricia o
solo,
cogumelos erigem
das hifas excitadas.
(março de 2005)
Grande PAulinho, poesia se extrai do quase invisível. Gostei demais. Sei que estou em falta contigo, mas ando enrolado até às tampas. Abração.
ResponderExcluirCompadrecito Paulo, poeta dos bons:
ResponderExcluirAcho-os seus poemas saborosíssimos, mesmo sendo sobre formas primitivas e unicelulares de Vida. Escorrem e lambuzam a cara de nossa alma, feito aquela manga bem madura, doce, doce, que deixa fiapos na nossa pele, língua e dentes. E eu adoro mangas, pequenos sóis verdes e amarelos, pendurados em forma de coração, desafiando a infância guardada pelas sombras das mangueiras. Abração, Sylvia Cesco
Paulinho, parabéns... como sempre, lindo!
ResponderExcluir