Poema denso, frio, tenso, comprido
lembrando o frágil mato que persiste:
a casa do animal desconhecido.
Porque mora, porque ainda resiste
nessa vegetação seca, tão pouca?
Como pode viver assim, tão triste?
Bicho desconhecido... Casa tosca.
Desconhecida está sua morada
nos capinzais da varejeira mosca.
Mas ela existe... nem que disfarçada
nos olhos vesgos desse estranho inseto,
em mosaico, por si multiplicada.
São poucos benfeitores, arquitetos
que, fecundos, a vêem. Somos, no fundo,
todos demolidores.... tão concretos!
Casa invisível... tosca... submundo...
animais transparentes... mentes foscas...
A casa é de ninguém? De todo mundo!
Do livro A Casa dos Animais
(Paulo Robson de Souza, OAK, 2000)
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