Cordel baseado em trechos da crônica
“Atento à delicadeza da vida”, do Frei Betto
(que tive acesso via whats app).
Para Claudio Vereza.
Na jornada
para dentro
Da
subterrânea mente
Revolver o
chão canteiro
E esperar
pela semente
Terna, pura,
indescritível,
Que Deus
deixou para a gente...
Diz o poeta
da prosa
(Que aqui cito com rigor ─
O filósofo Frei Betto)
Que o
incontestável amor
É sempre
terno; é eterno...
E que o Outro
é o fundador
Da mais certa
identidade;
Semente que
sai da flor.
E que daqui a
100 anos
Toda pressa
será só
Inútil mudez
no tempo ―
Porque o
Tempo não tem dó ―
Seremos só
deslembranças;
Corpos mudos;
puro pó...
Findo um
século seremos
Bactérias, o
fermento...
Flor num
campo sem colheita...
Flauta na
boca sem vento...
Transmutada
natureza...
E do réptil,
alimento...
Nós temos
bilhões de anos
Nesse
transmutar, imersos.
“Eu existo,
coexisto,
Subsisto em
Universo”
Diz o poeta
da prosa;
Eu confirmo
aqui, em versos.
De fato, na
entropia
Não existe um
outro plano:
Logo, ao pó
retornaremos ―
Átomos,
matéria nano... ―
Ao morrer
seremos gotas
Indistintas
do oceano.
Mas, então, o
que fazer
Ante a
certeza do fim?
Recatar
ansiedades
Ao se cuidar
de um jardim
Pois a pressa
é dos que morrem
Sem se
anteverem capim.
Enxergar
delicadezas
Da vida sempre
a florir
Antever, daqui a cem anos
Uma criança a
sorrir
Por ter
colhido uma flor
No que sobrou
do existir.
(No recôndito do espírito
Tudo, tudo é liturgia:
A janela aberta ao vento...
A manga que doura o dia...
O mistério do momento
Que o verbo se faz poesia...)
Olhar para
nuvens prenhas
Se o corpo se
faz deserto...
Esperar pela
semente...
Ser canteiro
descoberto...
Pois, exceto
Deus ― morada
Terna do amor
― e mais nada
Dura pra
sempre, decerto.
Paulo Robson de Souza
Da série Poesia Todo Dia! 22.1.2018
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