Para Masao Uetanabaro
Um sapo imprime em meu olhar o seu farnel
de manchas, riscos coloridos e texturas
e me revela, num pedaço de papel
o encantamento que tem toda criatura.
Serpentes marcam o chão sedento do Cerrado
que está, decerto, jururu sem teu carinho.
Meus olhos túrgidos de seres mal amados
ficam encantados com a beleza dos bichinhos.
Ănima
a alma próxima.
Animal:
beleza única.
Pobre coitado o que não vê no
bicho o irmão
o dom divino, o poder da criação.
Aranhas, lesmas, mexilhões, vespas, lambretas
são comparáveis às mais lindas borboletas...
Pois, se bem visto, o desprezível animalzinho
tem, ao seu modo, o (en)cantar dos passarinhos.
Um sapo expande o meu olhar com o seu olhar
desabrochando sentimentos, cantorias
e esse mirar contemplativo vai deixar
meus olhos grávidos de tanta poesia.
Ănima
a alma próxima.
Animal.
Beleza única do animal é ănima.
Pobre coitado o que não vê no
bicho o irmão,
o dom divino, o poder da criação.
(Projeto Jauru, abril de 2004)
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Nota: a série completa dessas fotos, originadas do levantamento da herpetofauna do sítio Quintas do Sol e entorno, município de Corguinho, MS, feito pelas biólogas Kamilla Mecchi e Gisele Vergílio, podem ser visualizadas em
https://picasaweb.google.com/111271138210217112948/BELEZURASDAKAMILLAEGISELE#5708420782453635522
Parceiro Eduardo Boaventura, meu caro! Publicamente estou lhe convidando a musicar esse baião. Topas?
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