Especialmente para Mayara Almeida de Barros e o seu/nosso
Tereré Filosófico, Casa da Ciência (Campo Grande, MS)
Quando a luz é encurvada pela massa
De um planeta de grande densidade,
Gigantesco, a curva, na verdade
É um atalho do tempo que ali passa.
A matéria é somente uma carcaça
Da energia ― morada resoluta.
Todo ser vive à custa da labuta
De fazer, da energia, um ente vivo.
Se é verdade que tudo é relativo
Não existe verdade absoluta.
Alterando a função velocidade,
Em verdade, é o tempo que se altera.
É maior ou menor a nossa espera
Quão maior ou menor a ansiedade.
Vendo a presa escapar de outro ser vivo,
São dois tempos distintos em disputa.
Nenhum deles venceu/perdeu a luta:
Um dos tempos tornou-se intempestivo.
Se é verdade que tudo é relativo
Não existe verdade absoluta.
Um mosquito, tão frágil e magricela,
Com sua tromba derruba o samurai.
Na verdade, é um micróbio o que contrai
E, por dentro, lhe mói, lhe desmantela.
Inimigo invisível, impõe sequelas
Sem ao menos travar uma só luta.
O micróbio, sem tino e força bruta,
A seu modo é fortão, superlativo!
Se é verdade que tudo é relativo
Não existe verdade absoluta.
Quem galopa? Quem cria estes versos?
Eu-pessoa? O artista? Um personagem?
Ou serão partes da totalidade
Da cultura, dos povos... Do universo?
Neste caldo de dúvidas imerso,
Não existe uma estética impoluta:
A pureza é uma terra devoluta ―
Sem querer, só... ideias reavivo.
Se é verdade que tudo é relativo
Não existe verdade absoluta.
(Dezembro de 2005)
Seria melhor sem rimas, meu querido amigo sabe disso;algumas imagens são muito boas, como "a pureza é uma terra devoluta",mas depois de impoluta ecoa triste.
ResponderExcluirCom carinho, desde as margens do Mondego, calor intenso, dias muito longos.
Alda