domingo, 31 de janeiro de 2021

MINHA AMIGA MOÍDA

 


Ela veio se sentindo um bagaço de cana daqueles passados três vezes na máquina. Remoeu suas fibras diante de mim; contou-me tudo sobre as tais dores d’alma que – deduzi – lhe comprometem o baço e o pâncreas.

Desse entregar os ombros à anamnese alheia, descobri que o desabafo é, também, uma reanálise dos fatos pela ótica do narrador. O fato é que, por fim, o sorriso lhe brotou entre os dentes de um jeito que eu nunca vira.



PRS 18.1.2018
(Da série Poesia Todo Dia)



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