
Em vez de baú, relativo à guarda de objetos caros e finos, caçuá, que me traz lembranças da infância e da poesia popular cantada nas feiras de Santana e de Conquista, na Bahia. O caçuá é ambulante, roceiro, de conteúdo discernível pelas frestas do seu trançado – seus cipós formam paredes quase diáfanas, revelando objetos que contam histórias, incitam sensações, reavivam memórias... Baú é aristocracia sobre cavalo branco. Prefiro os caminhos desbravados pelo jegue.
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
DOIS ESCORPIÕES
sábado, 14 de agosto de 2021
BAIÃO DO BICHO DESCONHECIDO
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
A SENHORA DOS RASTROS (Não me jogue sal)
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
METAMORFOSEANDO
terça-feira, 10 de agosto de 2021
A PEQUENINA DAS FRUTAS com Joice Terra
O PIRILAMPO com Elouise Miranda
O PEQUENO COROADO com Joice Terra
CARACA! (O Caracol) - Com Elouise Miranda
segunda-feira, 12 de julho de 2021
BOLETIM (Paulo Robson de Souza / Dario Pires)
Melodia: Paulo Robson de Souza
Argumento da letra: Renata Christóforo
Intérpretes:
Áttila Gomes
Juci Ibanez
Negabi
Paulinho Robson
Cello: Natalie Haas
Violão: Quinn Bachand
Cordas: Avery Bright
Bateria: Fred Eltringham
Piano: John Jarvis
Arranjo:
Paulo Robson de Souza
Gravação, masterização:
Béko Santanegra / Estúdio Santanegra
ISRC: BXPZU2100015
Imagens:
Marcos Vaz, o Marcão (Show Vertentes)
Nelson Mandu (Show Vertentes)
Maria Karaguatá (Dario)
Béko Santanegra (cantores)
Paulo Robson de Souza (Galvão em casa)
Paulinho de Dona Santa
Camilinha Arndt de Souza
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segunda-feira, 29 de março de 2021
Álbum JOICE TERRA e ELOUISE MIRANDA CANTAM POESIA IN_VERTEBRAL
Clique na imagem para ouvir no Spotify
Disponível também em (clique no nome):
YouTube Music (as 12 músicas)
Deezer (livre para usuários Tim)
e diversas outras plataformas de musica.
Poemas de Sidnei Olivio e Paulo Robson de Souza (do eBook Poesia INvertebral).
Direção musical: Mestre Galvão
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Videoclipe O TATUZINHO - Intérprete: Elouise Miranda
(Clique na imagem para assistir)
Do álbum
Joice Terra e Elouise Miranda Cantam Poesia In_vertebral
Poemas de Sidnei Olivio e Paulo Robson de Souza (do eBook Poesia INvertebral).
Direção musical: Mestre Galvão
(Clique na imagem para ouvir no Spotify)
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Videoclipe REVISITANDO O CHACO - Intérprete: Joice Terra
(Clique na imagem para assistir)
Do álbum
Joice Terra e Elouise Miranda Cantam Poesia In_vertebral
Poemas de Sidnei Olivio e Paulo Robson de Souza (do eBook Poesia INvertebral).
Direção musical: Mestre Galvão
(Clique na imagem para ouvir pelo Spotify)
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domingo, 31 de janeiro de 2021
ANTES QUE EU ESQUEÇA: PIABANHA
Piabanha
é um peixe da família do lambari, só que pouco maior, pelo que me lembro da
minha infância. Também é nome de um pequeno rio, tributário da margem direita
do Pardo; provavelmente, o nome original seria Rio das Piabanhas, mas o
desgaste do uso deve ter feito desaparecer o tão explicativo artigo. Desse
riozinho se originou o nome da fazenda do meu avô materno Saturnino, localizada
entre Itambé e Itapetinga, sudoeste da Bahia.
Vivi
na Piabanha de agosto de 1961 a 66 ou 67, ou seja, quase toda a primeira
infância, já que minha mãe fora a Vitória da Conquista praticamente para o meu
nascimento, e não sei por quanto tempo morei na casa da minha avó materna em
Itapetinga, talvez apenas um ano para frequentar o então denominado Jardim da
Infância (agora me vem à lembrança a merendeira de plástico e, dentro dela, a
garrafinha de “quissuco” vermelho, doce de doer, e a variedade de biscoitos de polvilho
feitos pela vó Dila).
Se
minha memória recente é mais fluida que óleo de freio, imagina recordar fatos
passados há mais de 50 anos! Contudo, algumas lembranças desse lugar permanecem
tão sólidas e incontestes dentro de mim – pode até ser que não sejam lá, assim,
tão fiéis aos fatos; meras interpretações – que as transformei em cantigas e
poemas pelos quais tenho o maior carinho.
PRS, 19.1.2018
(Da série Poesia Todo Dia!)
#PauloRobsonDeSouza #poesiabrasileira #poesiatododia #ocacuadopaulorobson
ANTES QUE EU ESQUEÇA: MONTANHA
Guardei um
pedaço
De
Montanha em mim
(A
cidadezinha
– Era uma
cidadezinha quando a senti –
A
cidadezinha
Do norte
capixaba).
Havia um
circo troncho
Palhaços
da melhor estirpe, calhambeque explodindo
Leões,
A
trapezista
E a
tristeza da partida pela estrada poeirenta
Do circo e
do circense que nele morreu...
–
1969? Não me lembro bem: moramos nesse lugar ígneo entre 67 e 70 (sou de 61).
Aliás, uma das poucas lembranças com fundo musical que tenho: “California
Dreams” e o circo trilhando a estrada poeirenta para além do rio...
Carros
eram lavados no rio. Caminhões também... Mais que a lembrança da imagem, me vem
o forte cheiro de combustível boiando, arco-íris deitado nele (o rio)...
Havia
um grande lajedo, nele escrito “Só cristo Salva” e “Casas Cazelli” (juro que
não é merchandising!). Nessa casa havia tecidos chinfrins postos em
ziguezague sob a marquise, mais enfeitando do que expondo a mercadoria.
Flashes
que não me saem da memória, não sei porque, de tão insignificantes: a passagem
de uma perua com quatro ou cinco japoneses de óculos, magros e altos indo ao
lajedo instalar acho que uma antena (primeira vez que vi pessoas de origem
asiática, só outra novidade me foi maior: ver o teco-teco logo após o pouso,
que meus amigos diziam ser de papelão). O sangue de um advogado na areia da rua,
morto pelo pai da minha colega de escola por causa de desavença de jogo de aposta,
corrida de cavalo, algo assim – naquela tarde o sino da igreja soou como nunca
e para sempre nos meus ouvidos, e senti pela primeira vez uma tristeza pela
morte alheia que eu não sabia explicar... O vizinho cego por uma pedra (ao
marretar paralelepípedos de granito) cantando hinos de louvor em um culto...
Outros
instantes que nunca me esqueci: a menina morena, magrela e de testa larga (a
apelidamos de Testa de Boi Gir, que malvadeza!), essa menina sendo levada à
nossa escola pelo pai numa charrete muito bonita, cavalo castanho “esquipando”
como quê na nossa rua. Minha mãe voltando tarde da noite da casa do vizinho que
tinha televisão, encantada com a chegada do homem à Lua... As meninas da casa
da frente ‒ Gilca, Milca, Ilca e mais duas cujos nomes me esqueci, todas
atingidas por essa decisão patriarcal de nominar ‒ brincando de “drama”
(teatrinho) com minha irmã Márcia na nossa garagem. Minha coleção de maços de
cigarro (cheirinho bom!) escondida sob a geladeira a querosene que sustentava
um rádio cantando “90 milhões em ação” depois de a população largar a TV da
praça em festa, após o Brasil 4 x 1 Itália; a bomba de 500 sendo estourada por
um torcedor (tinha esse nome porque era a mais cara de então; só os adultos
podiam comprá-la, de tão perigosa).
Do
amigo cabeludo e de olhos verdes do meu tio Britto cagando no buraco errado após
uma bebedeira – o bidê que eu tanto brincava de alguma coisa com seu
chuveirinho ao contrário –, disso eu também não me esqueço. Nem da menina Alba
Valéria que morava na casa ao lado e seu irmão Alvinho que, pura malvadeza, o
apelidamos de Bufa Torta porque passou a mancar após pisar num caco de vidro.
Nem da espinha madura (que eu morria de vontade de espremer) na face da minha
querida professorinha Irmã Paulina, nem das músicas que entoávamos em fila no
pátio do Colégio Sagrado Coração, sob o olhar cuidadoso da diretora, uma madre
de óculos intimidadores cujo nome esqueci: “Desperta no bosque / Gentil
primavera / O ar está perfumado / Com flores de manacá / Trá-lá-lá-lá-la
Lá-la...”, ou ainda “No Inverno a cigarrinha / Deixou então de cantar / Procurou
a formiguinha / Para a sua fome lhe mataaaar”.
Em
Montanha desse tempo dormiam cinco a dez toras de madeira no fim da nossa rua,
talvez abandonadas por alguma serraria. Nelas moravam as “batixós” (como
chamávamos as lagartixas), que vez em quando eram vítimas do nosso “bodoque”
feito de câmara-de-ar da melhor qualidade, a tal borracha que não se cansava. O
meu irmão Jairo e o inseparável primo Ciro eram os campeões na caçada aos
pobres bichinhos que, junto a calangos e algumas rolinhas, proporcionavam-nos deliciosas
fritadas, assim como os tizius que fazíamos se espatifarem no muro branco da
garagem de ônibus após afugentá-los.
Havia
na porta de casa um fícus
indiano cercado por quatro tábuas que eram bancos – lembrei-me agora. No
quintal, um pé de maçã muito esguio, crescendo no centro de um caqueiro (termo
baiano para o recipiente de barro usado para evitar formigas, como se um fosso)
e que se recusava a frutificar. E um porco duroc que, de tão grande, meu
pai se equilibrava de pé no seu dorso, para se exibir. Havia um viveiro onde eu
dava leite aos filhotes de tatu-galinha e cuidava de um coelho alaranjado e da
galinha rhodes que Sinhô Mascate me dera. Num canto havia bananeiras
onde eu e meus irmãos ficamos seminus, lambuzados de BHC com banha-de-porco, um
disparatado tratamento para sarna da época que deve, sim, ter-me deixado
sequelas. Em frente à cozinha havia uma espécie de galpão revestido de cimento
queimado onde escorregávamos no dia da lavagem, usando para isso água retirada
de um poço com bomba manual.
De
fato, o ponto de vista é único, intransferível: são dos meus olhos e,
certamente, de nenhuma das outras crianças que éramos, a imagem que ficou de
uma tarde típica de verão, sol seguido de chuva – casamento da viúva – em que
encontramos gatinhos recém-nascidos em uma carcaça de carro abandonada perto do
cinema. E é só minha essa lembrança, porque foi em mim que doeu: a matinê que
não houve, porque minha mãe não deixou que uma prima grande e de cabelos
bicolores me levasse ao cinema – certamente por falta de dinheiro – e eu chorei
muito... Como chorei no dia em que meu primo Carlos me sentou sobre a chapa
quente do fogão de lenha...
Dessa
época não há fotografias, porque a novidade era o tal monóculo que o tempo e os
fungos logo se incumbiram de pulverizar os pigmentos depositados sobre o
acetato.
Agora
vem minha mãe, janeiro de 2018, me dizer que passamos fome por causa do
abandono do nosso pai – que foi cuidar de negócios em Linhares, é bem verdade;
o pai que era ao mesmo tempo amoroso, devagar, trabalhador, divertido, bruto,
sonhador, exigente, esquecido e aventureiro nos deixou nessa situação. Ela me
conta da vizinha Dona Regina (de Seu Manoel, segundo me disse) que nos trouxe
comida por cima do muro, uma vergonha para quem tivera fazenda no sudoeste da
Bahia e uma infância de fartura – própria de quem tem chuva e terra para
cultivar. Da grande dívida numa vendinha que funcionava numa espécie de quiosque lá para as bandas do bairro
Fundão cujas paredes e as próprias rodas eram de madeira, isto eu me
lembro. Mas a história da comida por cima do muro me doeu fundo, doutor.
PRS, 18.1.2018
(Da série Poesia Todo Dia!)
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MINHA AMIGA MOÍDA
Ela
veio se sentindo um bagaço de cana daqueles passados três vezes na máquina.
Remoeu suas fibras diante de mim; contou-me tudo sobre as tais dores d’alma que
– deduzi – lhe comprometem o baço e o pâncreas.
Desse
entregar os ombros à anamnese alheia, descobri que o desabafo é, também, uma
reanálise dos fatos pela ótica do narrador. O fato é que, por fim, o sorriso
lhe brotou entre os dentes de um jeito que eu nunca vira.
PRS 18.1.2018
(Da série Poesia Todo Dia)
#PauloRobsonDeSouza #poesiabrasileira #poesiatododia #ocacuadopaulorobson
O CAÇADOR DE PALAVRAS
Ontem li A Rosa do Povo. Um Drummond inteiro. Num fôlego
a falta de ar é mais intensa que suspiros em bolhas de ar.
Agora em mim um leiteiro baleado existe; uma flor
improvável rebrota do asfalto; um vestido e duas mulheres tristes coexistem; a
ruazinha de Itabira (ainda) se dá para o mundo...
PRS, 9.1.18, Porto Seguro
(Da série Poesia Todo Dia)
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(Arte sobre foto PRS) |
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O FUTURO NO PRETÉRITO
O espelho ao avesso
É janela para o futuro.
Vejo-me daqui 30 anos.
E o que vejo é insano: não há planos
Nem desejo.
Vejo o medo da inquietude.
Do não discernir, não decidir...
Livre arbítrio é termo bonito
Nos livros.
Para quem
Nada mais tem
De tempo
De axônio
E peptoglicanos
É só um termo bonito: arbítrio.
6.1.18 (Da série Poesia Todo Dia)
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(Arte sobre foto PRS) |
#PauloRobsonDeSouza #poesiabrasileira #poesiatododia #filosofices