Sol e nuvens brincam de esconder e, sem querer, me revelam uma
lembrança perdida, um poema da Cecília que ouvi tantas vezes na minha infância,
na voz doce da professora carinhosa cujo rosto se apagou da minha memória... Ou
Isto ou Aquilo, é o nome.
Da rede do quarto, a vista emoldurada pela janela está mais pobre: as
mangas-rosas da vizinha já se foram, carcomidas pelos fungos e bactérias e pelo
desprezo de quem não soube lhes dar valor. Esta visão apetitosa que me acorda
desde dezembro, agora, só ano que vem, se o tempo parar de nos pregar peças,
nesses tempos pré-apocalipse. Nuvens mudam de tom e perambulam, agoniadas pelo
peso do líquido que começa a brotar da equação calor e pressão atmosférica.
Sábado branco, logo depois multicor; o tempo fecha de novo, e de novo se abre... Não sei se deito, ou se volto a dormir. Ou ― mais eufemismo impossível ―, apenas dou um descansadinha nos olhos, como diria a minha vó Dila quando
pega cochilando na cadeira de balanço.
PRS - 15.2.2014
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