sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

MARIZA E AMARÍLIO




Perco a direção
Na calmaria do vento.
Meu rumo é o agitado
Caminhar. Ando indolentemente,
Mirando pontos invisíveis.
Meu alvo são olhos
De pouca luz.
Onde estão? Não os vejo,
Nem eles me vêem.

Nesse descompromisso de enxergar
É que se dá o mais gostoso buscar.
Desprocurando a sombra vejo a luz.
Duas luzes.

Hoje encontrei Mariza e Amarílio,
Pessoas vivazes e queridas
Que não via há dez anos.
Não, não há Ary Barroso nesse verso,
Mas uma tentativa de ser factual.
Hoje encontrei almas gêmeas
Contrariando o senso da própria busca.
Gostoso saber da sua existência,
Vivenciar uma anamnese desinteressada.


(5 fev. 2005)

Um comentário:

  1. Caro Amigo Paulinho,
    Acabei de ler o poema e me emocionei! Que lindas palavras.. será que as
    mereço
    mesmo? Você é um grande escritor, com alma sensível, como poucos que
    conheço. Atualmente, é muito raro encontrar pessoas assim tão
    interessantes e autênticas em nossas universidades, pois elas estão
    marcadas pela competitividade. Que bom
    que a nossa amizade não morreu!Te agradeço por tão belo presente e te
    envio um grande e afetuso abraço daqui de Londres onde Amarilio e eu
    estamos realizando o nosso Pós-Doc.

    Marisa

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