Em vez de baú, relativo à guarda de objetos caros e finos, caçuá, que me traz lembranças da infância e da poesia popular cantada nas feiras de Santana e de Conquista, na Bahia. O caçuá é ambulante, roceiro, de conteúdo discernível pelas frestas do seu trançado – seus cipós formam paredes quase diáfanas, revelando objetos que contam histórias, incitam sensações, reavivam memórias... Baú é aristocracia sobre cavalo branco. Prefiro os caminhos desbravados pelo jegue.
sábado, 24 de dezembro de 2011
A NATUREZA DA PALAVRA
É a palavra um dom, quiçá perverso
dom com que faço minha atroz mortalha.
É também ninho, lã que me agasalha,
esteio das idéias que alicerço.
É luz dentro da noite. É o breu imerso
na perfeição das faces da medalha.
É o "não" dito como "sim". É falha.
É o cimento e a pedra deste verso.
É gelo seco, pó... se desconverso,
ou diamante. É pedra que retalha
jóias da língua. É fio. É nó. É malha.
É a palavra, enfim, dúbio universo:
Abre caminhos, luzes... É navalha
de dois gumes: também constrói muralhas.
(2002 - soneto shakespeareano)
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Muito lindo essse poema! Obrigada por me colocar neste grupo de privilegiados amigos que podem acessar o blog. E o título ficou super legal: conheço a palavra "caçuá" através de meu pai, que a utilizava para se referir a bolsas ou sacolas grandes, que também chamava de "alforge". Adorei, virei aqui sempre.
ResponderExcluirbjs
Jacqueline
Olá Jacqueline, eu é que lhe agradeço por tanta atenciosidade... Voce sabe o quanto admiro o seu trabalho, a sua militância por um ensino de biologia de qualidade...
ExcluirAbraços.
Bom. Bem-vindo (não dá pra engolir a nova grafia)ao metapoema. Cada vez entendo mais suas escolhas pedagógicas para as publicações. Abraço. Alda
ResponderExcluirOlá Alda,
ExcluirGratíssimo por sua consideração, por sua presença, pelos seus sempre excelentes posts no Face.
Fique muito à vontade para fazer seus comentários, que serão sempre bem vindos (ai ai, como é que ficou "bem vindo" na nova ortografia? rsrsrs).
Grande abraço.