sábado, 22 de setembro de 2012

PAPO DE CIENTISTA SOBRE BEIJOS E BORBOLETAS AZUIS



Quanto tempo de ciência será
preciso
para sabermos da cor e do tom a que nos referimos?

Cálculos probabilísticos indicam:
há abraços azuis
quando se olha para o céu
no abraço
– num longo abraço.

Beijos azuis existem sim. Na física, na fisiologia e na poesia.
Menos frequentes porém; pois o que se vê
com um beijo
é o vermelho
da retina comprimida
pela emoção.
Vermelho-sangue. Vermelho-lábio. Vermelho que só o desejo sintetiza.

Fisicamente falando,
ao se considerar que o fogo vermelho
tende ao azul quando se aumenta a temperatura,
é provável que um beijo de fogo
possibilite a sensação do azul.
Cor fria na aparência,
mas que na medida certa faz-nos ver estrelas.
Então está combinado: beijo azul só se for profundo.
Azul profundo cravejado de estrelas – o mesmo vale para abraços.




Já borboletas azuis
são como fadas: nascem de crisálidas encantadas
pela cor
do frescor da manhã
e pelas possibilidades do que virão a ser.

Temo pela borboleta azul
incrustada na pele,
em ponto íntimo de mulher dengosa, quiçá imperscrutável (o ponto ou a     
                                                                  [mulher?).
Mas quem a capturou me promete:
quando me conhecer... eu te mostro”.

Assim continuarei meus estudos sobre beijos e borboletas azuis.
Mais precisamente:
sobre um beijo profundo em uma borboleta azul-cutâneo.


(Paulo Robson de Souza, 2007)

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