sábado, 23 de junho de 2012

ENIGMA DO BREJO (raspadinha literária)



Alô garotada! 
A brincadeira, desta vez, é descobrir a que ser vivo o poema se refere, e o porquê de, mesmo tendo "orelha", não está nem aí para o barulho da nobre vizinhança. 

Divirta-se!




Ora, quem diria!
Orelha-de-onça não se irrita
com a festa da saparia.



 *  *  *

Vamos brincar de raspadinha?
Arraste o mouse sobre a figura abaixo e resolva esse enigma!





Ficha técnica desta brincadeira literária

Programação em flash, consultoria: Edy Wilson (projetos TIC Biologia e InterCiências, UFMS)
Coordenação pedagógica: Marilyn Matos (projetos TIC Biologia e InterCiências, UFMS)
Concepção da brincadeira literária, poema e foto: Paulo Robson de Souza/UFMS
Coordenação do projeto InterCiências/UFMS: Carla Cardozo Pinto de Arruda (biologia) e Ricardo Ribeiro dos Santos (coordenação geral).

Poema extraído do livro Síntese de Poesia. Paulo R. Souza, Editora UFMS, 2006

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O CASAMENTO DOS BURITIS



Cordel dedicado aos jornalistas 

Allison Yshi (educador ambiental) e 
Francisco Anselmo de Barros (in memoriam, ambientalista, 
companheiro na luta pela preservação do 
buritizal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 
em Campo Grande


O garoto buriti
Sonhava em crescer bastante
Encontrar a sua amada
E, no anual rompante,
Espalhar-se nas veredas,
Formar seu lindo semblante.

Na lagoa de águas mornas
Crescia todo encharcado,
Sonhando em ter o mais belo
Cacho de flores dourado 
Durante as águas de março –
O mais belo do Cerrado.



Um cacho formoso, longo
Como loura cabeleira
Balançada pelo vento
Na paisagem brasileira.
Cacho de flores miúdas
Mas bastantes, lisonjeiras.

Queria multiplicar
A sua bela utilidade
Produzindo descendentes
Úteis à posteridade –
Juntos, demonstrando a força
Desta coletividade.

Ser Grande Buritizal
De um tal Córrego da Prosa
Ser a parte grande de um
Grande Sertão, todo prosa –
Ser cenário do romance
Do grande Guimarães Rosa.

Generoso, bem queria
Fazer, nos bichos, carinho...
Com sua sombra saborosa
Dar abrigo aos passarinhos,
Ser casa de lagartixas 
Tornar-se cheio de ninhos.

Sonhava em ter as alturas
Lamber, no céu, as alvuras...
Ser o caminho das águas
Do céu, do rio que murmura...
Ser, de longe, o indicativo
Do lugar das águas puras.

Dar um gostoso palmito,
O vinho de buriti,
Precioso artesanato...
Além disso, ser daqui
A mais bela das palmeiras
Desde o tempo dos tupis.

Entrementes, num riacho
Não muito longe dali
Sonhava esses mesmos sonhos
A menina buriti.
E dizia: “Onde estará,
Plantado, meu curumi?”

Suas folhas – grandes leques
Dando vida e voz ao vento –
Sonhavam ser a coroa
De perfeito caimento
Sobre o majestoso estipe
Segurando o firmamento.

Sonhava mais, dadivosa:
Dar ao povo e à bicharada
Cachos de cocos castanhos
De polpa rica, dourada...
Dar óleos, doces, sorvetes,
Farinhas vitaminadas.

Dar-se, inteira, sem bravata:
Ser flor e fruto, comida
Da ararinha manilata
E o tronco oco, guarida
Dos seus ovos cor de nata,
Ressemeando outras vidas.

Ambos sonhavam, enfim,
Ser, pra sempre, bem casados
Pelos polinizadores
Que trazem o pólen dourado...
Ter mais de mil descendentes
Mesmo em “quartos separados”.

Crescido, o buritizal
Prover profícua linhagem,
Ser uma caixa d’água viva
Pra ser gasta na estiagem.
Ser algo que não tem preço:
Um colírio – a paisagem.

E, reinando nas veredas,
Aninhar o andorinhão,
Ofertar, da palha, a seda
Aos índios, aos artesãos.
Segurar o negro e rico
Sedimento e a inundação.

Ver as falsas andorinhas
Entrando em suas folhas mortas
Como se fosse um pombal
Bem alto, imenso, sem portas,
Perscrutando o céu profundo
Que suas asas finas cortam.

No seu senso de abrigar,
Ser uma residência plena,
Ver repletos seus andares
De seres – diversas cenas:
No térreo, bichos do chão;
Nas copas, bichos de pena.

No seu senso de manter
Os processos naturais,
Suas raízes: um filtro
Pra reter os minerais,
Dando plenas condições
Para vários vegetais.

Sendo, enfim, buritizal,
Ver a riqueza da flora
A brotar nos seus domínios –
A que adornava as auroras
Rubras do Córrego da Prosa
Da Campo Grande de outrora.

Porém, antes disso tudo
Vieram dragas, trator,
Avenidas sem sentido,
Contra o Plano Diretor;
As barragens nas nascentes,
A cultura sem labor,
O riacho assoreado
E os grãos de falso valor.

Fim de um sonho, de certezas
Ante a ganância e o mal.
Nenhum casamento houve –
Nem pensar, buritizal:
Ele pereceu sonhando,
Ela morreu no final.

Um desejo factível
Mas que foi adormecido.
Isto tudo aconteceu.
Isto tem acontecido.
O sonho que nunca foi
Mas deveria ter sido.


                   Paulo Robson de Souza

(Do livro Síntese de Poesia, que integra o material paradidático Coleção valorizando a biodiversidade no ensino de botânica, Editora UFMS, 2006, organizado pelo autor).


_________________________

NOTAS

1- Esse poema, originalmente publicado no livro O casamento dos buritis e outros cordéis e, mais tarde, na revista ARCA (Revista do Arquivo Histórico de Campo Grande - n. 14, 1991), foi inspirado nesta curiosidade: o buriti, biriti, miriti ou carandaí-guaçu (Mauritia flexuosa, antiga Mauritia vinifera) é uma palmeira dióica, ou seja, as flores masculinas são encontradas em uma planta e as femininas em outra. Por isso, somente a planta masculina produz pólen e a feminina produz frutos. Segundo os botânicos Arnildo Pott e Vali Joana Pott (2004), é a “árvore da vida” do naturalista Humboldt, pois dela tudo se aproveita. Atinge até 15 metros de altura.  O buritizal forma um tipo de ecossistema único: além de mediar uma grande quantidade de relações entre diversas espécies animais (vertebrados e invertebrados que ali vivem ou encontram condições ideais para reprodução e alimentação), também tem a função de manter a estrutura e a riqueza dos solos: é que o buriti tem raízes do tipo pneumatóforo, que permitem à planta respirar nas áreas alagadas; essas estruturas, que formam um emaranhado na lâmina d’água, servem como refúgio a pequenos peixes e invertebrados e atuam também como filtro, agregando partículas minerais e evitando o assoreamento. Extensos buritizais ocorrem no Ceará, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e na Amazônia, em terrenos alagadiços.


Saiba mais clicando aqui:  Buriti - Mauritia flexuosa, artigo de Arnildo Pott e Vali Joana Pott. Fauna e Flora do Cerrado, Campo Grande, outubro 2004.

2- Clique aqui para obter a versão para impressão A4: https://skydrive.live.com/redir?resid=A6A44B9E787BB20B!150&authkey=!AGDXrTrTxz1IOow



Licença Creative Commons
 O trabalho O Casamento dos buritis de Paulo Robson de Souza foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em paulorobsondesouza.blogspot.com.br.

sábado, 9 de junho de 2012

LIÓ (letra de música)



Quando encontrei meu desterro
No auge da vida
Não consegui fazer nada
Na hora da lida.

Estou sozinha em meu tempo
A mente esquecida
Os meus sentidos são pura
Tristeza incontida.

Vejo um abismo imenso
Diante da curva.
Meu horizonte é de nuvens
Meu tempo passou.
Na minha estrada os meus passos
A névoa enturva
E o próprio tempo apaga
A luz que ficou.

Esta doença da alma
É só esquecimento.
Um sentimento me acalma:
― Não ter sofrimento.

Não cura, o tempo, o meu caso...
Meu tempo é agora.
Conto os minutos que faltam
Pra vir minha hora.


(maio de 2005)



segunda-feira, 4 de junho de 2012

QUARESMA


Agradecendo à atenção e carinho dos leitores deste Caçuá, estou publicando em primeira mão três poemas do livro Pantanal de A a Z – vocabulário contextualizado aos pantanais da Nhecolândia, do Miranda-Abobral e do rio Paraguai  e um poema do livro Cerrado de A a Z – vocabulário contextualizado aos planaltos de Maracaju-Campo Grande e Taquari-Itiquira, que serão lançados amanhã, dia do meio ambiente, às 10 horas, na Feira Agroecológica do corredor central da UFMS, em Campo Grande.  Observem que as figuras e textos estão em baixa resolução, e são recortes de páginas, para adequá-los a este veículo.

Também serão lançados dois fichários de A a Z, “filhotes” desses livros, material em tamanho A5 que também serve para ser disposto em varal, em salas de alfabetização. 

Esses materiais fazem parte do kit produzido pelo projeto de extensão Sabores do Cerrado e Pantanal ("Valorização de plantas alimentícias do Pantanal e Cerrado"), realizado pela UFMS em parceria com a Ecoa e o Ceppec, apoiados pelo CNPq e, mais recentemente, pelo MEC.

Vocês são meus convidados!



Lançamento dia 5 de junho (terça), às 10 horas, na Feira Agroecológica da UFMS
(corredor central), às 10 horas.

Projeto: Sabores do Cerrado e Pantanal/UFMS
Coordenação/projeto editorial: Marilia Leite
Editoração: Lennon Godoi
Editora UFMS


YGUYNÃ


Lançamento dia 5 de junho (terça), às 10 horas, na Feira Agroecológica da UFMS
(corredor central), às 10 horas.

Projeto: Sabores do Cerrado e Pantanal/UFMS
Coordenação/projeto editorial: Marilia Leite
Editoração: Lennon Godoi
Editora UFMS

PINTADO



Lançamento dia 5 de junho (terça), às 10 horas, na Feira Agroecológica da UFMS
(corredor central), às 10 horas.

Projeto: Sabores do Cerrado e Pantanal/UFMS
Coordenação/projeto editorial: Marilia Leite
Editoração: Lennon Godoi
Editora UFMS



Lançamento dia 5 de junho (terça), às 10 horas, na Feira Agroecológica da UFMS
(corredor central), às 10 horas.

Projeto: Sabores do Cerrado e Pantanal/UFMS
Coordenação/projeto editorial: Marilia Leite
Editoração: Lennon Godoi
Editora UFMS


sábado, 2 de junho de 2012

EQUILÍBRIOS


  
1.
Hoje o cansaço me fez perder o prumo. A busca diária por equilíbrio é inglória pois é o caos que põe ordem no universo. Haverá equilíbrio pleno quando se sabe que, mesmo na mais sólida pedra, pulsam partículas subatômicas? Há repouso na matéria? Caos e causa são unos, primordiais. O efeito nasce depois.

2.
O universo apoia-se no caos. No meu mundinho apoio-me  na minha bagunça sem fim e sustento-me de crises, caóticas imperfeições.

3.
Trabalho sob pressão e, ante a explosão, dilato-me. A isso os fisiologistas chamam de equilíbrio entre os meios interno e externo. Eu prefiro crer que sou adepto da teoria do “dane-se”.

4.
Filosofia baiana diante do chefe neurótico: não me aperte que eu peido.

5.
A desgraça da espécie humana é não encontrar a graça.

6.
De tanto buscar o equilíbrio espatifou-se. Enfim, equilíbrio (aparente) de corpos.

7.
Homem diante do espelho: um palhaço. Ilusão e espectro sorriem.


(setembro de 2005)


sexta-feira, 1 de junho de 2012

CHUVA NUNCA É ÁGUA PURA





                     Quando o céu põe-se a fluir,
                     desce um cheiro gostosinho,
                     raios, gotas de bolinhos,
                     barulhinho de dormir...



(2005)