sábado, 9 de julho de 2016

DONA CIDA



Hoje eu serei todo
atenção ao que não
não comungou
não abraçou não sorriu
não disse bom dia ao céu, qualquer que fosse sua cor.

Dona Cida chorou diante de mim, ao meu abraço de gratidão por suas orações para que eu concluísse a tese. Rezou aos pés do Altíssimo, foi o que fez. Contou-me um fato que eu não me lembrava mais, gestos de amizade que se perdem no tempo; decisões que, se para um é natural, para o outro é marca boa que fica. Dona Cida chorou de alegria e, tomada de passado bom, sorriu.

Hoje serei, todo, atenção.

Paulo Robson de Souza

14.4.14

DRAMÁTICA




A mulher declama um poema. Dramática, retira suspiros e ais de verso insosso. Enquanto isso, a poesia bate à porta, pedindo pra sair.

Paulo Robson de Souza

10.5.14

REFÚGIO DOS PENADOS



Buscava entreter seus vícios com coisas de não sei o que fazer. Uma lástima, diriam. Nunca mais conseguiu um nada sequer. Sua teimosia era comprar e comprar; prazeres que não são da carne, não são da alma, prazeres estranhos, esses de encher os olhos de bobagens que imediatamente serão descartadas, nunca usadas.

Dizem que foi dar com as fuças na miséria, tomado de assalto pelas armadilhas da vida.



Paulo Robson de Souza
Ponta Porã, 2.9.2014



RELIGAÇÃO



Refúgio
de sensos perdidos,
inconformismos
próprios da natureza.
É ombro amigo
água
trigo
vento com que arrefece corações.
Religião não é templo.
É tempo.


17.9.2014

Paulo Robson de Souza


CARPE DIEM!



Balançando o esqueleto
lá vou eu colher o dia
ter o sol, reter o vento
aspirar a maresia
sentir a vida, comer
nosso pão de poesia.



Paulo Robson de Souza
16.9.2014