segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A BALSA


Escorpião sob nossas cabeças

numa noite fria sobre o rio Paraguai.
Uma mulher de cabelos longos e negros
contempla o horizonte.

A lua se fecha a oeste.

Na barranca do rio
– pressinto –
uma lontra perpassa a linha branca
que delimita o líquido horizonte.

Espumas que bocejam...

Rostos adormecidos...

Curiangos beijam com seus lábios úmidos
o áspero alimento.

Na minha boca adormece
a indizível palavra.

O sono.
O sonho.
A vida segue seu ciclo.


(junho 1997)