segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O METABOLISMO DAS COISAS III



Em dias de chuva a madeira morta, com saudade de seivas, ganha uma sobrevida e inspira a água do céu.

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Pedras rolam de alegria, feito crianças, em dias de enxurrada.

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Nas primeiras chuvas os quintais bafejam actinomicetices. Preferia desconhecer este fenômeno microbiológico (há muito descrito pela ciência) e, somente, sentir o cheirinho de terra – mesmo estando distante dela. Inclusive para não ter de usar este palavrão...

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Das coisas, os muros velhos e brancos são os que mais se beneficiam com as gotas que caem do céu. Fotossintetizam.

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Troncos mortos, revividos pela umidade, se coçam por inteiro ante o caminhar dos mixomicetos em sua pele vegetal.


Paulo Robson de Souza
20.3.14 Da série Poesia Todo Dia

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