domingo, 18 de dezembro de 2016

ASAS

Para Janet I. Zimmermann




I.
Livro aberto como asas
voa do sul
ao centro
oeste.

Poemas e poemas são espalhados
sobre ramos, cerrados, espaços, regaços –
barcos de papel.


II.
Hoje, acordou no meu quintal a mesma manhã. A mesma embaúba. Os mesmos pássaros. O mesmo sol.
Mas dessa vez os pássaros eram flautas. Flautas que cuspiam desejos de florestas.





III.
Flautas andinas
e o baticum do tambor.
Nos escritos cuidadosamente caligrafados
há ritmo. Planícies e cordilheiras se fundem. O hálito morno do brejo e a neve eterna
ligados pelas asas
de animais de penas e
seres
que têm uma pena nas mãos.

O condor
pousa sobre mim. Desejo de ler em voz alta
arritmias e incongruências do verbo.



IV.
Quem tanto deu céu e voz a pássaros
e teceu,  rêmige empunhada, palavras rumo ao infinito,
tem as próprias asas cortadas
por quem não sabe voar.


Paulo Robson de Souza

Recife, 25.7.2014
C. Grande, 3 e 11.8.2014
(Da série Poesia Todo Dia)




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