Perdi meu celular em uma
expedição à Serra da Bodoquena. Perda besta, esta: sucedeu dentro da casa onde
ficamos, um bangalô sem luxo e lixo, água e energia elétrica, construído sobre
um lajedo de calcário no meio do mato – legítimo cafundó bucólico, a cara do
“Mariscal” Rogério e do seu autodenominado “Exército de Libertação da
Natureza”, eu incluso.
Nada grave, perder um bem
material. Mas o que havia dentro dele não tem preço. É que, por preguiça de
transcrever a surrada caderneta de campo, nessas horas uso o editor de texto do
aparelhinho-sem-noção para escrever poemas. Perdi três poemas! O último, feito
na velha rede da varanda, logo após acordar. Falava de sono e de um sonho
esquisito que tive com alguém que me enterrara vivo, e da impropriedade e
imprecisão da palavra escrita nessa hora de bocejos e olhos inchados. Lembro-me
vagamente do tema e do jeito amalucado e inconsciente dos versos, e só. Jamais
conseguirei reproduzi-lo. Aliás, acho que foi nesse momento de extrema sonolência que guardei o
aparelho em uma das mochilas dos colegas – todas pretas e surradas como a minha
–, ou o esqueci sobre a mesa. Pior a segunda opção, pois na tarde daquele dia
macacos-prego assaltaram nosso QG, enquanto saímos mata afora à procura de
bichinhos sem vértebras para lhes dar um nome e uma história.
Assalto descarado: levaram
minhas preciosas bananas, derramaram o óleo de cozinha e cagaram sobre a mesa.
Se levaram meu desinteressante celular, só o tempo e o Facebook dirão. (Se alguém
vir um selfie de um macaco da Bodoquena com cara de “enganei o bobo”, favor
avisar a este soldado abestalhado.)
Paulo Robson de Souza
5.10.2014
(Da série Poesia Todo Dia)
Macacos me roubam!
ResponderExcluirGrato pela visita, prof. Eli (o homem do livro!). Grande abraço. Venha sempre.
ExcluirExcelente Paulinho!
ResponderExcluirGrato, Rita!
ExcluirParabéns Paulinho excelente!
ResponderExcluirperfeito.parabens da gosto de ler
ResponderExcluirGrato, Professor Alessandro! Grade abraço.
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