sábado, 20 de maio de 2017

MANHÃ INDECISA


Sol e nuvens brincam de esconder e, sem querer, me revelam uma lembrança perdida, um poema da Cecília que ouvi tantas vezes na minha infância, na voz doce da professora carinhosa cujo rosto se apagou da minha memória... Ou Isto ou Aquilo, é o nome.
Da rede do quarto, a vista emoldurada pela janela está mais pobre: as mangas-rosas da vizinha já se foram, carcomidas pelos fungos e bactérias e pelo desprezo de quem não soube lhes dar valor. Esta visão apetitosa que me acorda desde dezembro, agora, só ano que vem, se o tempo parar de nos pregar peças, nesses tempos pré-apocalipse. Nuvens mudam de tom e perambulam, agoniadas pelo peso do líquido que começa a brotar da equação calor e pressão atmosférica.
Sábado branco, logo depois multicor; o tempo fecha de novo, e de novo se abre... Não sei se deito, ou se volto a dormir. Ou  mais eufemismo impossível , apenas dou um descansadinha nos olhos, como diria a minha vó Dila quando pega cochilando na cadeira de balanço.


PRS - 15.2.2014

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