terça-feira, 16 de maio de 2017

PRÉ-TEXTOS VIII (BOCA SECA DE ASCO)



Acordei com a boca seca de asco, olhos inchados de pesadelos e uma ausência de temeridades em todos os poros. Hoje não estou nem para mim.

*  *  *

        Há um bentevi
        no meu quintal
        que todo dia me chama.
        Parece que clama
        por uma tigela d’água.
        Qual de nós terá maior sede?

*  *  *

        Afinal não entendo
        Qual a do passarinho
        Que alimento,
        Dou todo dia um pote de água fresquinha
        Mas que não me nutre
        Com um ninho.

*  *  *

Borboletas transgridem o vento.

*  *  *

Borboletas tingem as flores de escamas coloridas.

*  *  *

Cerquei-me de mentiras, mergulhei nas intrigas em revista neste meu modorrento sofá. Notícias escorrem por entre meus dedos, tão pesadas estão. Sim, hoje é domingo. Quisera ter um pé-de-cachimbo.

Paulo Robson de Souza
27/02/2005

Da série Poesia Todo Dia!

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