Ela
veio se sentindo um bagaço de cana daqueles passados três vezes na máquina.
Remoeu suas fibras diante de mim; contou-me tudo sobre as tais dores d’alma que
– deduzi – lhe comprometem o baço e o pâncreas.
Desse
entregar os ombros à anamnese alheia, descobri que o desabafo é, também, uma
reanálise dos fatos pela ótica do narrador. O fato é que, por fim, o sorriso
lhe brotou entre os dentes de um jeito que eu nunca vira.
PRS 18.1.2018
(Da série Poesia Todo Dia)
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