sexta-feira, 26 de junho de 2015

MAIA


 Para Rogério e Célia Silvestre
 

Por alguns dias a pequena Maia esteve em nossa casa. Já havia me esquecido de como é lindo um sorriso, o jeito embolado do falar de uma criança que ainda não completou três anos. A alegria desta casa extrapolou os muros, apesar das cercas elétricas que nos impuseram os vizinhos. Até o chato do Ted, nosso cachorrinho poodle avesso a crianças, se encantou com seu jeito curioso de jogar a bolinha atravessadamente, às vezes nele próprio, por falta de mira, de coordenação motora. Penso que o Ted riu dessas boladas acidentais. E do jeito engraçado e carinhoso de ela me chamar de “Pauinho”.

Demos mamão aos sabiás, fizemos banquetes de massinhas, iogurte de verdade, jogo de imitar bichos, pinturas em papel, demos banho no Morfeu (o Cão Maior) e no Ted, que milagrosamente voltou a ficar branco. Com Maia nossa casa ficou mais azul.

Hoje reparei que Maia fala com as mãos. Com os dedinhos apontando para todo lado, caretas e bocas de espanto, dá ênfase a cada sílaba pronunciada. As exclamações estão nos braços escandalosamente abertos e postos para cima das orelhas; as interrogações, inevitavelmente são feitas com a palma das mãos exposta ao sol.  Se é a cara do pai (Danilo) e cabelo da mamãe (Luna), penso que o gestual foi todo herdado do avô Silvestre, italianíssimo. Um mistério para a Ciência, esta herança de gestos de comunicação.

Paulo Robson de Souza (“Pauinho”)
19.3.14
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PS. uma vez disse para uma amiga de origem italiana que, o dia que lhe amarrarem as mãos, ela para de falar...

 

(da série Poesia Todo Dia!)

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